segunda-feira, 22 de março de 2010

Em Abril, Águas Mil

Ultimamente, tenho-me sentido algo revolucionário! E quando digo revolucionário digo-o com as regalias todas: empunhar as bandeiras e os cartazes com as epígrafes de combate à repressão Estatal, ao chamado Estado de Direito, parar o trânsito com manifs abismais em que existe sempre a contradição de números entre governo e sindicatos…como é óbvio não estou a falar do 25 de Abril! Quer dizer, estou, mas com alguma tristeza, pois o que se passou então, ainda nos nossos dias se passa.

Falo de números, adesão, componente humana, solidariedade social, dever cívico de chamar à atenção os senhores que seguram o leme do nosso país, que são precisas medidas que se estendam a todos e não somente a alguns, o principal fundamento dum partido de cariz socialista é a igualdade entre pares, mas analisando os últimos anos e as inúmeras medidas de combate às crises, sim, crises! O que se constata é que as medidas socialistas tem cavado um autêntico fosso entre as classes sociais do nosso país, aumentando ridiculamente as diferenças salariais e poder de compra entre as classes pequena, média e alta, aliás parece-me que a persistir em rumos semelhantes, não tarda muito desaparece a classe média e para regozijo do PCP e do Bloco De Esquerda passamos de novo a ter apenas proletariado e capitalistas e três vivas as ideias marxistas!

Tal como naquela altura, hoje são também poucas as vozes que se levantam, é necessário relembrar Abril, é necessário dar a conhecer Abril a quem não o viveu e é necessário respeitar aqueles que por uma causa maior arriscaram as suas vidas para que hoje possamos dizer que vivemos em liberdade de expressão…tomemos a palavra, vamos à rua, desta vez não uns milhares por um país, mas todos pelo seu próximo.

OS VAMPIROS - ZECA AFONSO

No céu cinzento sob o astro mudo

Batendo as asas pela noite calada

Vêm em bandos com pés veludo

Chupar o sangue fresco da manada





Se alguém se engana com seu ar sisudo

E lhes franqueia as portas à chegada

Eles comem tudo eles comem tudo

Eles comem tudo e não deixam nada [Bis]

















A toda a parte Chegam os vampiros

Poisam nos prédios poisam nas calçadas

Trazem no ventre despojos antigos

Mas nada os prende às vidas acabadas









São os mordomos do universo todo

Senhores à força mandadores sem lei

Enchem as tulhas bebem vinho novo

Dançam a ronda no pinhal do rei









Eles comem tudo eles comem tudo

Eles comem tudo e não deixam nada







No chão do medo tombam os vencidos

Ouvem-se os gritos na noite abafada

Jazem nos fossos vítimas dum credo

E não se esgota o sangue da manada







Se alguém se engana com seu ar sisudo

E lhe franqueia as portas à chegada

Eles comem tudo eles comem tudo

Eles comem tudo e não deixam nada







Eles comem tudo eles comem tudo

Eles comem tudo e não deixam nada