quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Desalento

Não tenho jeito p'ra gerir o património
Nem sou pessoa p'ra aderir ao matrimónio
Tenho uma voz que é mediana e tenho sonhos
Mas sem maneira de atingir dias risonhos
Não tenho os pés no chão mas tenho fantasias
Coisas concretas não conheço e tenho dias
Em que a maneira de acordar é com lamentos
Pois se adormeço com um vazio nos sentimentos

Serei o corpo que finda
Sem ter tido ainda o tempo para ouvir
Alguém que me diga ao certo
Se estará por perto na hora de adormecer

Não tive a sorte de ter tido algum juízo
Tive o azar de ser fadado ao prejuízo
Andei perdido e confiei nas impressões
Mas sei agora o que é errar nas previsões
Fintei por vezes o destino que era doce
Olhei o umbigo e imaginei algo que fosse
Uma grandeza p'ra mim feita por medida
Mas a esperança um dia caiu perdida

Serei o corpo que finda
Sem ter tido ainda o tempo para ouvir
Alguém que me diga ao certo
Se estará por perto na hora de adormecer

Falhei nas contas que fiz p'ra posteridade
Pois usei números que apurei na puberdade
Não criei lendas mas menti e por castigo
Já poucos crêem nas verdades que hoje digo
Não tenho pressa de chegar a sítio algum
Olho o futuro e não vejo lugar nenhum
Onde as certezas que aprendi tenham um preço
E as coisas certas que eu vivi lá no começo
Tenham valor


Feromona